quinta-feira, 31 de março de 2011

Uma doença sem cura e a sua evolução..

Sendo o Autismo uma patologia sem cura, grandes passos têm sido dados no sentido do conhecimento e intervenção educativa nesta patologia. Sabe-se hoje, que a melhor terapêutica reside na intervenção adequada o mais precocemente possível.Trabalhar com crianças com Autismo impõe algumas estratégias e adaptações de forma a responder adequadamente às suas necessidades educativas específicas. Seguindo esta linha de pensamento surge a proposta da introdução das terapias expressivas, nomeadamente a Dançoterapia e o Movimento Expressivo no sentido de incentivar, desenvolver e aumentar a Comunicação não-verbal dos indivíduos. Sendo a Comunicação uma das grandes áreas afectadas nas crianças com Autismo, chegando muitas delas a não atingir nunca a Comunicação Verbal, pensamos que através da Dança e do Movimento Expressivo poderemos obter resultados positivos..

O autismo e a forma como afecta as crianças


Poucas doenças mobilizam mais o ser humano do que o Autismo. Temos uma criança normalmente bonita, sem sinais óbvios de lesão, que mostra uma falta de receptividade e interesse pelas pessoas, incapacidade na comunicação, na interacção e na actividade imaginativa e um repertório de actividades e interesses restritos.
Uma outra questão que está longe de ser respondida, apesar dos avanços dos estudos, é a que se refere à causa ou às origens desta patologia. A questão do diagnóstico parece ser também bastante controversa pois ainda não se dispõe de um exame específico...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Tudo isto porque ser autista é apenas mais uma forma de ser...

As crianças com autismo demonstram uma grande limitação ao nível da capacidade simbólica e da capacidade de abstracção. Sendo estas, pré-requisitos fundamentais para o uso e compreensão da linguagem, surgem, necessariamente grandes lacunas que se traduzem numa Comunicação bastante alterada. Por outro lado, a Comunicação surge da interacção entre a criança e o meio físico e social envolvente assim como da capacidade de imitação do outro e da compreensão de gestos, expressões corporais, expressões faciais, etc. existentes em todas as situações do nosso quotidiano.

Todas estas capacidades estão bastante alteradas nas crianças com Autismo. Desde muito cedo que se podem verificar alterações comportamentais desviantes do desenvolvimento normal nas crianças com Autismo. Choram pouco, não olham nos olhos, não sorriem, não antecipam movimentos e atitudes (por exemplo, o pegar ao colo), não brincam e quando o fazem é normalmente de forma estereotipada.

Estes comportamentos instintivos são considerados como a primeira etapa do relacionamento mãe/bebé e é através deste que apreendem o meio ambiente que os rodeia. Não os apresentando, desde essa idade, a criança com Autismo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Estádio das operações formais (12 anos e mais)

A transição para o estádio das operações formais é bastante evidente dadas as notáveis diferenças que surgem nas características do pensamento. É no estádio operatório formal que a criança realiza raciocínios abstractos, não recorrendo ao contacto com a realidade. A criança deixa o domínio do concreto para passar às representações abstractas. É nesta fase que a criança desenvolve a sua própria identidade, podendo haver, neste período problemas existenciais e dúvidas entre o certo e o errado. A criança manifesta outros interesses e ideais que defende segundo os seus próprios valores e naquilo que acredita.
   O adolescente pensa e formula hipóteses, estas capacidades vão permitir-lhe definir conceitos e valores, por exemplo estudar determinada disciplina, como a geometria descritiva e a filosofia. A adolescência é caracterizada por aspectos de egocentrismo cognitivo, pois o adolescente possui a capacidade de resolver os problemas que  por vezes surgem á sua volta.

O período das operações concretas (dos 7 aos 11 anos)

Neste período, o egocentrismo intelectual e social que caracteriza a fase anterior dá lugar à emergência da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vista diferentes e de integrá-los de modo lógico e coerente. Um outro aspecto importante neste estágio refere-se ao aparecimento da capacidade da criança de interiorizar as ações, ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da inteligência sensório-motor (se lhe perguntarem, por exemplo, qual é a vareta maior, entre várias, ela será capaz de responder acertadamente comparando-as mediante a ação mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a ação física).
 Contudo, embora a criança consiga raciocinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as ações executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou situações passíveis de serem manipuladas ou imaginadas de forma concreta. Além disso, se no período pré-operatório a criança ainda não havia adquirido a capacidade de reversibilidade, i.e., "a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de alguma transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência de conservação da quantidade quando se transvaza o conteúdo de um copo A para outro B, de diâmetro menor)", tal reversibilidade será construída ao longo dos estágios operatório concreto e formal.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O nível pré-operatório (2 aos 7 anos)

Nesta fase, surge na criança a capacidade de substituir um objecto ou acontecimento por uma representação. A criança já não depende unicamente das suas sensações, dos seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objecto ausente), o significado, é importante ressaltar o carácter lúdico do pensamento simbólico.
Assim, este estágio, é também muito conhecido como o estágio da Inteligência Simbólica.

A criança deste estágio: é egocêntrica, não se consegue colocar (abstractamente) no lugar do outro, não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (a idade dos 'porquês'). Por simulação, possui percepção global sem discriminar detalhes e deixa-se levar pela aparência sem relacionar fatos. 
A criança é egocentrista da sua maneira, ou seja, implica a ausência da necessidade de explicar aquilo que diz por ter certeza de estar sendo compreendida. Da mesma forma, o egocentrismo é responsável por um pensamento pré-lógico, pré-causal, mágico, animista e artificialista. O raciocínio infantil não é nem dedutivo nem indutivo, mas transdutivo, indo do particular ao particular; o juízo não é lógico por ser centrado no sujeito, nas suas experiências passadas e nas relações subjetivas que ele estabelece em função das mesmas. Os desejos, as motivações e todas as características conscientes, morais e afetivas são atribuídas às coisas (animismo).
A criança pensa, por exemplo, que o cão ladre porque está com saudades da mãe. Por outro lado, para as crianças até aos cinco ou sete anos de idade, os processos psicológicos internos têm realidade física: ela acha que os pensamentos estão na boca ou os sonhos estão no quarto. Dessa confusão entre o real e o irreal surge a explicação artificialista, segundo a qual, se as coisas existem é porque alguém as criou.

Do ponto de vista do juízo moral observa-se que, a princípio, a moral é totalmente heterónoma, passando a autónoma na medida em que a criança começa a sair do seu egocentrismo e compreender a necessidade da justiça equânime e da responsabilidade individual e coletiva, independentes da autoridade ou da sanção imposta.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Período sensório-motor (0-2 anos)

A criança vê, ouve, toca, saboreia… e reage a estas sensações por movimentos: o olhar (um objecto que se mexe no seu campo visual), virar a cabeça (no sentido de um barulho), palpar (o seu brinquedo em pelúcia) ...
Ao longo deste período, a criança torna-se um ser que organiza as suas actividades sensório-motoras em relação com o seu meio circulante: procede por tentativas e erros e resolve problemas simples. É deste modo que ela consegue trazer a si um brinquedo que se encontra no fundo da sua caminha, ao abanar o berço, ao puxar pela coberta, ao apanhar o fio preso a um brinquedo… a sua actividade diferencia-se e orienta-se para objectivos.
A evolução da inteligência decorre antes do desenvolvimento da linguagem. A criança estabelece muito cedo relações entre objectos separados. O rosto dos pais, por exemplo, muda quando eles a abraçam ou se são vítimas de um acesso de tosse. Estas configurações globais bastante grosseiras ainda, foram chamadas por Piaget “esquemas”.
A sucção constitui por certo o esquema típico do recém-nascido. Sob a influência da experiência e da aprendizagem, este esquema modifica-se, transpõe-se e generaliza a situações análogas. Aos 2 meses de idade, a criança leva a mão à boca e chupa o dedo. Este novo hábito deriva do esquema primitivo da sucção.
A criança cria esquemas que estruturam as informações recebidas pelos sentidos e produz respostas aos estímulos circundantes. O seu comportamento é adaptativo na medida em que ela modifica constantemente os seus esquemas reaccionais: é nisso, também, que é inteligente.
Os esquemas sensório-motores são as raízes a partir das quais se desenvolverão os esquemas conceptuais.