quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O nível pré-operatório (2 aos 7 anos)

Nesta fase, surge na criança a capacidade de substituir um objecto ou acontecimento por uma representação. A criança já não depende unicamente das suas sensações, dos seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (o objecto ausente), o significado, é importante ressaltar o carácter lúdico do pensamento simbólico.
Assim, este estágio, é também muito conhecido como o estágio da Inteligência Simbólica.

A criança deste estágio: é egocêntrica, não se consegue colocar (abstractamente) no lugar do outro, não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (a idade dos 'porquês'). Por simulação, possui percepção global sem discriminar detalhes e deixa-se levar pela aparência sem relacionar fatos. 
A criança é egocentrista da sua maneira, ou seja, implica a ausência da necessidade de explicar aquilo que diz por ter certeza de estar sendo compreendida. Da mesma forma, o egocentrismo é responsável por um pensamento pré-lógico, pré-causal, mágico, animista e artificialista. O raciocínio infantil não é nem dedutivo nem indutivo, mas transdutivo, indo do particular ao particular; o juízo não é lógico por ser centrado no sujeito, nas suas experiências passadas e nas relações subjetivas que ele estabelece em função das mesmas. Os desejos, as motivações e todas as características conscientes, morais e afetivas são atribuídas às coisas (animismo).
A criança pensa, por exemplo, que o cão ladre porque está com saudades da mãe. Por outro lado, para as crianças até aos cinco ou sete anos de idade, os processos psicológicos internos têm realidade física: ela acha que os pensamentos estão na boca ou os sonhos estão no quarto. Dessa confusão entre o real e o irreal surge a explicação artificialista, segundo a qual, se as coisas existem é porque alguém as criou.

Do ponto de vista do juízo moral observa-se que, a princípio, a moral é totalmente heterónoma, passando a autónoma na medida em que a criança começa a sair do seu egocentrismo e compreender a necessidade da justiça equânime e da responsabilidade individual e coletiva, independentes da autoridade ou da sanção imposta.

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